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quarta-feira, 31 de março de 2021





Slavoj Zizek sobre o coronavírus: Uma visão psicopática da pandemia.

O popular filósofo Slavoj Zizek, um dos mais fervorosos críticos do sistema capitalista e das “ideologias” sobre as quais se apoia, escreveu uma coluna sobre o coronavírus para o site Russia Today. Zizek aponta que o coronavírus “destampou a realidade insustentável de outro vírus que infecta a sociedade: o capitalismo”. Segundo sua visão deturpada e monocromática (vermelha) “enquanto muitas pessoas morrem, a grande preocupação para estadistas e empresários é o golpe para a economia, a recessão, a falta de crescimento do Produto Interno Bruto e coisas desse tipo”. Ora, não é preciso ser um gênio para perceber que em uma sociedade destruída economicamente não há qualidade de vida e ideologias fracassadas como a do Socialismo ganhariam forças e não haveria espaço para o Capitalismo prosperar.

Colocarei aqui a reportagem publicada por Pijamasurf, 16-03-2020 com a tradução do Cepat e farei intervenções sempre que achar relevante fazê-las.

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Esse colapso econômico se deve ao fato de que a economia se baseia fundamentalmente no consumo e na perseguição de valores defendidos pela visão capitalista, como a riqueza material. Mas não deveria ser assim, não deveria haver uma tirania do mercado. Zizek sugere que o coronavírus também apresenta a oportunidade de tomar consciência dos outros vírus que se espalham pela a sociedade, há muito tempo, e de reinventá-la:

“A atual expansão da epidemia de coronavírus detonou as epidemias de vírus ideológicos latentes em nossas sociedades: notícias falsas, teorias da conspiração paranoicas e explosões de racismo”.

(Mr. Fawkes)

É interessante o Slavoj Zizek destacar tais situações sendo que a entrevista foi realizada em 03/2020, neste momento a pandemia estava se confirmando, tudo era muito inicial e não havia a concepção de que as fake News (noticias falsas) era um problema a ser tratado. Também é fácil perceber que os outros pontos “teorias da conspiração paranoicas e explosões de racismo” são ferramentas políticas usada contra opositores e que a Esquerda trabalha isso de forma intensa, com a ajuda marota da grande mídia.

Continuemos com o “gênio” maquiavélico do Zizek.

“A bem fundamentada necessidade médica de estabelecer quarentenas fez eco nas pressões ideológicas em estabelecer limites claros e colocar em quarentena os inimigos que representam uma ameaça à nossa identidade".

(Mr. Fawkes)

Como a forma destorcida da quarentena forçada aplicada, que isolou a todos sem distinção, afetou apenas “os inimigos que representam uma ameaça à nossa identidade” e que “identidade” é essa? E que são os “inimigos”? É preciso ter consciência que a forma adotada para implementar a quarentena nesta pandemia do vírus chinês não é científica, já que coloca em um mesmo ambiente, por meses continuados, pessoas contaminadas com outras sãs, idosas e/ou com doenças pré existentes, se tornando assim numa ação contrária da proposta de uma quarentena.

Continuemos...



Mas talvez outro - e mais benéfico - vírus ideológico se espalhará e talvez nos infecte: o vírus de pensar em uma sociedade alternativa, uma sociedade para além do Estado-nação, uma sociedade que se atualize como solidariedade global e cooperação”.

(Mr. Fawkes)

“Mas talvez outro - e mais benéfico - vírus ideológico “?????
O corona seria um vírus ideológico? De fato o Zizek trata a pandemia como uma estrutura ideológica. Por que isso ocorre? Qual o sentido em ter uma pandemia como uma questão ideológica? Tudo isso teria sido programado como tal? Então o primeiro vírus desencadearia um outro, este “mais benéfico” que seria um socialismo global? Quem estiver pensado que a pandemia de corona foi planejada com este intento não está muito longe de uma realidade factual.

Continuemos...

Zizek considera que é possível comparar o que está acontecendo com um famoso golpe assassino do filme Kill Bill, conhecido como “a técnica do coração explosivo”, com o qual a pessoa que o recebe ainda pode continuar suas atividades por um tempo, beber uma taça de vinho, ter uma conversa etc., embora logo, inevitavelmente, seu coração explodirá e morrerá: “Minha modesta opinião sobre a realidade é muito mais radical: a epidemia de coronavírus é uma forma especial de ‘técnica do coração explosivo’ no sistema global capitalista, um sintoma de que não podemos continuar no caminho que seguimos até agora, que mudanças são necessárias”.

(Mr. Fawkes)

Ou seja, para o ideólogo esquerdista a pandemia é uma bomba relógio para destruir o capitalismo. Será que o Corona é anti capitalista? Ou melhor, seria o vírus comunista?

O Zizek escancara o projeto ao dizer que “a epidemia de coronavírus é uma forma especial de ‘técnica do coração explosivo’ no sistema global capitalista”. Toda técnica aplicada foi antes planejada por quem a propaga. Quem propagou mesmo o vírus pelo mundo? Ganhou um doce que disse china comunista. 

Continuemos com esta insanidade.


Zizek observa vários paradoxos. Enquanto o coronavírus nos obriga a nos isolar, também “nos obriga a reinventar o comunismo com base na confiança nas pessoas e na ciência”. O filósofo acredita que é necessária uma nova compreensão do comunismo e que seria necessário, sobretudo, da comunidade.

(Mr. Fawkes)

Uéééé??? É o corona que nos obriga a “reinventar o comunismo com base na confiança nas pessoas e na ciência”??? Não seria a estrutura montada pelos comunistas que fez isso no mundo todo se aproveitando de uma pandemia que ele mesmo criou?

E por fim.

Outro paradoxo, embora talvez também seja uma espécie de hipérbole trágica - ainda que possivelmente redentora -, é que na era em que o ser humano está mais isolado, agora precisará se isolar ainda mais. No momento em que mais necessita de contato humano real e não meramente virtual, agora parece que o contato físico será um tabu. Contudo, talvez desse isolamento surgirão novos valores e se reafirmará a importância da comunidade, da convivência e da intimidade. O que é inegável é que é um tempo de reflexão, um tempo em que há menos ruído e, portanto, a possibilidade de maior clareza.

(Mr. Fawkes)

Se antes o lema usado por muitos para conquistar territórios e vencer seus inimigos era “dividir para conquistar” agora parece ser “amedrontar e isolar para conquistar”.

terça-feira, 2 de março de 2021




A verdade sobre o AI-5 (Ato Institucional n.º 5).




Para todos os esquerdistas, para muitos isentões e para alguns desinformados o AI-5 é tido como um o “ato mais opressor da ditadura militar”. Mas, o que de fato foi o AI-5, o que o motivou e quais foram as suas reais consequências?



O que foi o AI-5?

O Ato Institucional Nº5, conhecido como AI-5, entrou em vigor no dia 13 de dezembro de 1968. O ato ficou conhecido como "golpe dentro do golpe", porque endureceu o regime e foi uma forma de os militares consolidarem seu poder.

O Ato Institucional Número Cinco (AI-5) foi o quinto de dezessete grandes decretos emitidos pelo regime militar nos anos que se seguiram a contra revolução de 1964. Os atos institucionais foram a maior forma de legislação durante o regime militar, dado que, em nome do "Comando Supremo da Revolução" (liderança do regime), derrubaram até a Constituição da Nação, e foram aplicadas sem a possibilidade de revisão judicial.

Foi emitido pelo presidente Artur da Costa e Silva e resultou na perda de mandatos de parlamentares contrários aos militares, intervenções ordenadas pelo presidente nos municípios e estados.


O que o motivou o AI-5?

Na época, o governo militar justificou as medidas dizendo que elas eram necessárias para conter o avanço do comunismo no país em meio à Guerra Fria, o avanço de setores que queriam derrubar o regime (setores progressista da Igreja Católica, OAB, militares de esquerda, o Poder Judiciário e a mídia jornalística) e para "manter a ordem e a segurança".

Elaborado pelo então ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva, o AI-5 entrou em vigor em resposta a fatos anteriores, como uma passeata de mais de cem mil pessoas no Rio de Janeiro em protesto contra o assassinato do estudante Edson Luís de Lima Souto por um integrante da Polícia Militar do Rio de Janeiro e da decisão da Câmara dos Deputados negando autorização para processar criminalmente o deputado federal Márcio Moreira Alves, que durante um discurso, em 2 de setembro de 1968, chamou o exército de "valhacouto de torturadores", pediu ao povo brasileiro que boicotasse os desfiles do Dia da Independência do Brasil, e às mulheres, que se recusassem a se relacionar com militares.

Sua primeira medida foi o fechamento do Congresso Nacional até 21 de outubro de 1969.

O AI-5 foi resultado também de atos terrorista violentos por parte da Esquerda. 19 homens já haviam sido mortos por grupos armados esquerdistas, dentre eles, um jornalista (Edson Régis de Carvalho), 4 PMs, um soldado (Mário Kozel Filho) e um sargento (Carlos Argemiro Camargo) do Exército Brasileiro e dois militares de exércitos estrangeiros, Charles Chandler e Maximilian Von Westernhagen.


Quais foram as suas consequências do AI-5?

Ele autorizou uma série de medidas de exceção, permitindo o fechamento do Congresso, a cassação de mandatos parlamentares, intervenções do governo federal nos Estados, prisões até então consideradas ilegais e suspensão dos direitos políticos dos cidadãos sem necessidade de justificativa.

O Presidente da República recebeu autoridade para fechar o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas dos estados; esse poder foi usado assim que o AI-5 foi assinado, resultando no fechamento do Congresso Nacional e de todas as Assembleias Legislativas dos estados brasileiros (com exceção de São Paulo) por quase um ano; o poder de fechar forçadamente o Congresso Nacional seria novamente usado em 1977, durante a implantação do Pacote de Abril;

O Presidente da República e os Governadores dos Estados passaram a assumir, durante os períodos de recesso forçado das legislaturas federais e estaduais, respectivamente, as funções do poder legislativo, impondo ao Presidente e aos Governadores legislar por meio de decretos-leis, que tiveram a mesma força e efeito que as leis aprovadas pelas legislaturas. Esse poder incluiu o poder de legislar emendas constitucionais. Uma emenda constitucional global da Constituição de 1967 do Brasil (já adotada no âmbito do regime militar) foi promulgada em 1969 (Emenda Constitucional nº 1, também conhecida como a Constituição de 1969, porque todo o texto alterado e consolidado da Constituição foi reeditado como parte da emenda), sob a autoridade transferida para o Poder Executivo pelo AI-5;

A permissão para o governo federal sobre o ensejo de "segurança nacional", para intervir em estados e municípios, suspendendo as autoridades locais e nomeando interventores federais para dirigir os estados e os municípios;

A censura prévia de música, cinema, teatro e televisão (uma obra poderia ser censurada se fosse entendida como uma subversão dos valores políticos e morais) e a censura da imprensa e de outros meios de comunicação (hoje tão necessário);

A ilegalidade das reuniões políticas não autorizadas pela polícia; houve também diversos toques de recolher em todo o país;

A suspensão do habeas corpus por crimes de motivação política;

O poder do Presidente da República de destituir sumariamente qualquer funcionário público, incluindo políticos oficialmente eleitos e juízes, se eles fossem subversivos ou não-cooperativos com o regime. Este poder foi amplamente utilizado durante o regime militar para desocupar os assentos dos membros do partido de oposição (MDB) no poder legislativo, de modo que as eleições fossem realizadas como de costume, mas a composição do legislativo resultante das eleições era dramaticamente alterada pela cassação de mandatos de parlamentares da oposição. Isso, de fato, transformou o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores em um "carimbo de aprovação" das elites militares. A cassação dos mandatos de parlamentares da oposição também afetou a composição do Colégio Eleitoral do Presidente da República (sob as Constituição de 1967 e a emenda de 1969, adotadas sob o regime militar, o Presidente era escolhido por um colégio eleitoral constituído por todo o Congresso Nacional e de delegados escolhidos pelas Assembleias Estaduais). Assim, não só as eleições para o Poder Executivo foram indiretas, mas as vagas criadas na composição dos órgãos legislativos afetaram a composição do Colégio Eleitoral, que também se tornaram subordinados aos militares;

O poder do Presidente de decretar a suspensão dos direitos políticos dos cidadãos considerados subversivos, privando-os por até dez anos da capacidade de votação ou de eleição;

A legitimidade instantânea de certos tipos de decretos emitidos pelo Presidente, que não foram sujeitos a revisão judicial. De acordo com essas disposições, os Atos Institucionais, e qualquer ação baseada em um Ato Institucional (como um decreto que suspende direitos políticos ou remove alguém do cargo), não estavam sujeitas a revisão judicial.

Houve um grande refino no Congresso de todos os políticos que governo considerava "contestadores", ou seja, militantes pró socialismo. Principalmente do PMDB, mas também afetou a Arena, que era o partido do próprio governo.

Aqui cabe uma pequena explicação sobre a realidade da existência de partidos políticos no Regime Militar.

Foi instaurado o sistema de bipartidarismo, onde supostamente um partido seria pró governo (o ARENA) e o outro, oposição (PMDB). Acontece que devido a proibição do regime da existência de um partido escancaradamente de Esquerda, muitos dos políticos de diversas vertentes esquerdistas, das mais radicas as mais suaves, foram para o PMDB. Por outro lado, muitos progressistas viram num partido de situação a oportunidade de atuar de dentro do regime, até mesmo para ir minando-o aos poucos e ir implementando suas pautas menos radicais. Também por que eram contra a implementação de uma ditadura do proletariado. Ou seja, o Regime militar estava rodeado por todos os lados por comunistas e sentava ao lado dos progressistas nas reuniões ministeriais e em encontros políticos com seus “apoiadores”.



Tanques ocupam avenida no Rio de Janeiro em 1968



Um indicativo de que o principal objetivo do Regime Militar com o AI-5 era neutralizar as ações de comunistas e simpatizantes, foi o fato de muitos militares também terem sidos atingidos pelas ações do decreto. Mais de 6,5 mil integrantes das Forças Armadas sofreram algum tipo de perseguição.





Discurso de Luís Antônio da Gama e Silva, Ministro da Justiça, justificando e lendo o AI 5 em rede nacional de rádio.

O ato institucional foi assinado, na ordem em que os nomes aparecem no documento oficial, por: Costa e Silva, Luís Antônio da Gama e Silva, Augusto Rademaker, Aurélio de Lira Tavares, José de Magalhães Pinto, Antônio Delfim Netto, Mário Andreazza, Tarso Dutra, Ivo Arzua Pereira, Jarbas Passarinho, Leonel Tavares, Miranda de Albuquerque, Márcio de Sousa Melo, José Costa Cavalcanti, Edmundo de Macedo Soares e Silva, Hélio Beltrão, Afonso Augusto de Albuquerque Lima e Carlos Furtado de Simas

 
"Se torna imperiosa a adoção de medidas que impeçam [que] sejam frustrados os ideais superiores da Revolução (...) comprometidos por processos subversivos e de guerra revolucionária", diz o documento original do AI-5, hoje guardado no Arquivo Nacional em Brasília.


Os principais historiadores que estudam o assunto dizem que a ideia de que o AI-5 foi uma resposta à Esquerda, é um mito, e que outros motivos estavam por trás da decisão. Mas isso será verdade? Vejamos.

Os argumentos dos historiadores dizem mais sobre suas defesas político-ideológicas do que sobre suas percepções históricas.

Para eles o que os documentos e os depoimentos de envolvidos nos mostram, é que o ato autoritário de 1968 foi uma forma de a ditadura militar controlar não só a oposição de esquerda ou os comunistas (que, segundo eles, no Brasil não tinham números ou estrutura suficiente para ser uma ameaça real ao regime). Mas também, a principal ameaça, que, segundo eles, eram os setores da sociedade civil que haviam apoiado o golpe de 1964 e que, quatro anos depois, estavam ficando descontentes com o governo - como a Igreja Católica, a imprensa, o Poder Judiciário e líderes políticos.

Ora, argumentar que grupos terroristas sendo criados por várias regiões do Brasil, atuando constantemente não representam perigo para uma nação é de uma ingenuidade tremenda (ou seria malícia?). Cuba tá ai pra demonstrar que para tomar o poder não é necessário um exército poderoso. Os revolucionários, sobre o comando dos Castros, não passavam de 300 soldados escondidos nas florestas, e tomaram Cuba sem disparar um tiro. Por outro lado, também soa muito surreal afirmar que grupos que outrora apoiaram a contra-Revolução Militar ficaram descontentes com o regime. Isso não e verdade, já que a motivação para que estes elementos infiltrados na Igreja Católica, OAB, imprensa e no poder judiciário, assim como no partido dito de “Direita” ARENA, eram todos socialistas e demonstraram seu apoio não por que defendiam os ideais conservadores, mas por que não desejavam uma ditadura sanguinolenta e cruel que o Comunismo ofertava.




PM reprime confronto entre estudantes da USP e Mackenzie na região central, em 1968.


Também no meio militar haviam elementos que afirmavam que o Regime poderia usar outros forma de combate aos subversivos e militantes socialistas nos mais diversos setores da sociedade, Como o almirante Levy Reis e o general Golbery do Couto e Silva. Novamente percebemos aqui que apesar de serem militares, estes, como muitos outros, tinham apreço pelos ideais progressistas. Gobery foi o idealizador do plano de não sufocar a Esquerda de forma plena, pois, argumentava que isso iria causar uma convulsão que resultaria em uma guerra civil. Para Gobery, a pressão revolucionária da Esquerda teria que ter uma válvula de escape para não explodir o país inteiro. Essa válvula eram as universidades. Os militares deveriam deixar eles atuarem por lá sem repressão. Esse processo foi denominado de “A panela de pressão de Gobery” e foi exatamente por isso que o esquerdismo conseguiu se reerguer no país através da doutrinação das novas gerações de jovens intelectuais e universitários. Percebeu a malícia?

O regime militar enfrentava oposição desde o início. Ela vinha de setores como o movimento estudantil, alguns parlamentares, as greves operárias e, partir de 1967, o início da luta armada promovida pela esquerda radical - grupos que eram muito diferentes entre si. Essa oposição esteva mais atuante a partir de 1967 e em 1968 e alguns acontecimentos marcaram a resistência.

Em março de 1968, durante uma manifestação estudantil, a polícia militar invadiu o restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, onde alguns estudantes jantavam, e o jovem estudante Edson Luís foi morto por policiais militares. No entanto, o laudo pericial do Instituto de Criminalística constou que a bala não fora disparada na direção do estudantes, mas ricocheteara nas paredes do restaurante, atingindo o peito de Edson Luís. O aspirante da polícia Aloísio Raposo Filho, foi inocentado pelo ato.

Em junho, houve a famosa Passeata dos Cem Mil, organizada pelo movimento estudantil no Rio de Janeiro; e em outubro aconteceu a chamada Batalha da Maria Antônia, em que estudantes da USP (Universidade de São Paulo) enfrentaram apoiadores do regime na Universidade Presbiteriana Mackenzie. A batalha levou à morte do estudante José Carlos Guimarães, atingido por um tiro. O policial Raul Careca afirmou, em entrevista para o livro "Autópsia do Medo", de Percival de Souza, que foi um dos fundadores do Comando de Caça aos Comunistas e conta detalhes do episódio. Segundo ele: "[...] o início dos conflitos na Maria Antônia foram marcados pelo fato de o pessoal da Filosofia bloquear a rua para cobrar pedágio. Um estudante de Direito do Mackenzie, Ricardo Osni Silva Pinto, foi reclamar. Um rapaz, estudante de Química, havia sido agredido e o diretor do curso, professor Odilon, ficou revoltado. Reuniu uma turma e foi para cima do pedágio. Aí, um grupo da Filosofia foi para dentro do Mackenzie. O pessoal da Química reagiu. O estudante Bóris Casoy fez um manifesto de convocação dos mackenzistas. De cinco em cinco minutos, o Bóris convocava. Os mackenzistas foram para lá e começaram a preparar sua defesa. Os coquetéis molotov (gasolina dentro de garrafas, com mecha acesa) foram confeccionados pelo pessoal da Química. E mais gás em tubos de ensaio, com bombas de artifício, provocando vômitos em quem aspirasse. Percebemos que havia gente armada na caixa d’água do prédio da Filosofia. Preparamos estilingues gigantes com câmaras de ar de pneus, para arremessar a distância os molotov e gás."


Contudo, o autor do disparo nunca foi confirmado oficialmente e o caso permanece um mistério.


O ano de 1968 foi marcado também por greves operárias, como a grande greve de Osasco, em julho.




A manifestação histórica no Centro do Rio que ficou conhecida como a Passeata dos Cem Mil, em junho de 1968




Agentes de informação do SNI monitoravam movimentos sociais; esta foto faz parte de um conjunto no Arquivo Nacional com mais de 5 mil fotos tiradas pelos agentes



E foi assim que a contestação ao governo, que antes vinha primariamente de setores esquerdistas declarados, como os movimentos estudantil e operário, começou a se ampliar. Juízes davam decisões desfavoráveis ao regime, a imprensa publicava notícias desabonadoras e parlamentares se tornavam insubordinados.



Entre os políticos, diz ele, havia o temor de que os militares começassem a governar sozinhos sem o seu apoio – desde figuras da Arena como José Sarney e Luiz Vianna Filho até vereadores do interior.




A morte do estudante Edson Luís, morto em uma intervenção policial em março de 1968 no Rio, desencadeou uma série de manifestações contra o regime militar.


A radicalização de setores da esquerda e de grupos de luta armada que intensificaram sua atuação entre 1967 e 1968 promoveu o endurecimento dos militares.

Para alguns historiadores a atuação da esquerda armada gerava um temor real nos militares mas seu poder real foi “superdimensionado para incrementar a sensação de perigo”. Sei.

Segundo eles, parte das ações armadas foi praticada por grupos clandestinos “de direita”, que tinham o objetivo de colocar a culpa nos comunistas (coitadinhos, tão puros).

Documentos que ficaram guardados no Superior Tribunal Militar durante 50 anos e foram revelados recentemente mostram exemplos destas antes ações do AI-5. Entre abril e agosto de 1968, um grupo formado por 14 policiais seguidores de Aladino Félix, ligado ao general da reserva Paulo Trajano da Silva, roubou armas da própria Força Pública (percursora da Polícia Militar), fez pelo menos um assalto a banco e executou 14 atentados a bomba, incluindo o atentado a bomba na Bovespa em maio de 1968, em São Paulo.

Mais Aladino Félix era um militante de “extrema-Direita”? Muito improvável que um sujeito pirado que dizia ser ajudado por extraterrestres para governar o mundo e iniciar uma Nova Era por São Paulo, que se tornaria o Grande Rei predito por Nostradamus e que comandou ataques terroristas com sucessivas bombas, fosse um direitista agindo de forma radical com o objetivo de endurecer o regime militar para que este implementasse AI-5. Isto é por demais surreal.

Da mesma forma teria ocorrido com o caso do atentado do Riocentro, em que uma bomba explodiu no colo de um oficial que iria realizar o ataque, um dos episódios mais famosos da época. Por acaso não era sabido que existiam dentro das forças armadas elemento de extrema esquerda que atuavam constantemente e se rebelavam periodicamente? Como podem dizer simplesmente que parte dos atentados a bomba foi feita por grupos de direita que queriam ampliar a sensação de insegurança na sociedade?




O fim do AI-5

Em 13 de outubro de 1978, no governo Ernesto Geisel, foi promulgada a emenda constitucional nº 11, cujo artigo 3º revogava todos os atos institucionais e complementares que fossem contrários à Constituição Federal. Diz a emenda: "ressalvados os efeitos dos atos praticados com bases neles, os quais estão excluídos de apreciação judicial", restaurando o habeas corpus. A emenda constitucional entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 1979, como parte da abertura política iniciada em 1974.



Recentemente o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse em outubro de 2019 que, caso a esquerda "se radicalize", "vamos precisar ter uma resposta", que, segundo ele, "pode ser via um novo AI-5" e o ministro da Economia, Paulo Guedes, também falou do AI-5. "Não se assustem se alguém pedir o AI-5", ao falar sobre os protestos de rua convocados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).



Resta saber até que ponto o esquerdismo vai radicalizar desta vez.


Imagens do decreto AI-5















Fontes: