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terça-feira, 19 de maio de 2020



Comunista: “Os comedores de criancinhas”.
Os macabros fatos que originaram essa frase! 


Para os comunistas e esquerdistas das suas mais variadas vertentes, o termo "Os comunistas comem criancinhas… ao pequeno almoço" é um mito anticomunista, porém, historiadores e críticos atestam que tais fatos foram verídicos. 

A fama de comedores de criancinhas surgiu por conta dos episódios de canibalismo que ocorreram nos países socialistas devido às chamadas "grandes fomes" geradas, em consequência da desastrosa economia planificada comunista, a coletivização forçada, os grandes deslocamentos humanos, ou como política genocida de curvar os povos que não queriam se adaptar ao regime. 







Como exemplo deste último caso, destaca-se o episódio do Holodomor (traduzido como “mortos pela fome” ou como “matar pela fome para morrer de fome”) perpetrado por Stálin contra os ucranianos que resistiam a integrar-se à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), durante os anos 1932-33, através do confisco da produção agrícola desse povo. 

Cerca de cinco milhões de ucranianos morreram de fome, incluindo crianças naturalmente, e houve relatos de canibalismo até de pais contra filhos. Enlouquecidas pela fome, as pessoas matam o que lhes vier pela frente ou se alimentam dos mortos. 

A 31 de maio de 1933, o cônsul-geral de Itália em Kharkov registrava um suposto testemunho direto, segundo o qual “as famílias matam os menores e comem-nos”. 

Em 1943 o Dulce Mussolini lançou uma campanha para aterrorizar os italianos, com a ameaça de que as crianças podiam ser raptadas e levadas para a URSS. Um cartaz mostrava um bebê aflito, com o monstro terrível do comunismo por trás. “Papai, salva-me!”, dizia o cartaz. 


Essa tragédia foi largamente obra humana, deliberada, visando submeter à coletivização os camponeses renitentes e eliminar quaisquer veleidades de independência nessa região da URSS. 

Os casos de canibalismo terão sido muitos, como o seriam durante a Revolução Cultural, a partir de 1966. Aí, segundo o filósofo Christian Godin, com o elemento acrescido de ato mágico, sancionado pelo Partido. Em muitos casos as vítimas eram indivíduos classificados como burgueses, inimigos de classe, etc, tendo esse canibalismo uma natureza metafórica sem ser menos real por isso. 

Embora os ucranianos tenham sido as maiores vítimas desse tipo de ação genocida, não foram únicos nem na URSS nem em outros países que caíram sob o jugo dessa ideologia sanguinária. 

As fomes na China comunista não seriam menos terríveis do que as soviéticas. Durante o período que ficou conhecido como o Grande Salto em Frente, entre 1958 e 1961, a China sofreu com a fome sobre a mão forte de Mao Tsé-Tung. Mudanças radicais na agricultura, não raro inspiradas em ideias absurdas, como as do biólogo soviético Trofim Lysenko, aliaram-se a uma série de catástrofes naturais para causar entre 15 milhões de mortos (segundo as estatísticas oficiais) e 36 milhões (segundo estimativas posteriores de acadêmicos). 










O Partido chegou a colocar nas aldeias um cartaz que avisava: “Comer os vossos próprios filhos é um ato de barbarismo”


Mas, além do canibalismo derivado da situação limite de não se ter nada para comer, ocorreu também o canibalismo oficial como parte das loucuras da época da Revolução Cultural (1966-1976) do presidente Mao Zedong, outro dos grandes psicopatas dessa turma totalitária. 

No livro chamado Memorial Escarlate, Contos de Canibalismo da China Moderna, de Zheng Yi, o autor descreve o caso das execuções e canibalizações dos inimigos de classe, do Estado, na província de Guangxi. Cerca de 100.000 pessoas foram mortas e - SIM - literalmente comidas pelos comunistas. Após as execuções, quando os corpos das vítimas se tornavam disponíveis para consumo, a elite local ficava com os corações e fígados enquanto o povo tinha o direito aos braços e solas dos pés. Como de praxe em regimes totalitários, a insanidade política e os ressentimentos da turba se uniram para literalmente devorar os inimigos reais ou imaginários. Com certeza, criancinhas devem ter feito parte do cardápio demente, principalmente considerando que suas carnes são mais tenras. 


Além do livro citado de Zheng Yi, outros livros disponíveis, em português, que citam a questão do canibalismo, nos chamados países socialistas/comunistas, são o famoso O Livro Negro do Comunismo, escrito por esquerdistas (democráticos pelo visto), e a A Tragédia de um Povo -A Revolução Russa, 1891-1924, de Orlando Figes, da Record. 

Esse fenômeno não é exclusivo desses dois países, ou sequer dos regimes comunistas; ao longo da História aconteceu outras vezes, em épocas e em países muito diferentes. 

A prática do canibalismo vem desde a pré-história, e o peso simbólico de consumir literalmente o inimigo – ou potencial inimigo – é conhecido há muito. Ainda há décadas um ditador africano, amigo de políticos franceses, era acusado de fazer isso aos seus rivais políticos. 

Mas, com certeza o fato desta fome extremada ter como gerador o método político e/ou resultados do autoritarismo comunista, lhe dá o crédito para que o mito deixe de ser algo restrito a fantasia de opositores e ganhe o respaldo de veracidade histórica. 

Em 2006 o então primeiro-ministro esquerdista italiano Silvio Berlusconi em um momento de ironia peculiar, teceu o dito termo se referindo à China maoísta. 

Quando os chineses protestaram, ele insistiu: “Leiam o Livro Negro do Comunismo e descobrirão que na China de Mao eles não comiam crianças, mas coziam-nas para fertilizar os campos.” Dias depois, "retratou-se", dizendo: “Foi ironia questionável, reconheço, pois a piada é questionável. Mas não sei como me conter”. 


Propaganda. O líder soviético Josef Stalin com uma criança ao colo, num pôster de 1947 glorificando o futuro radioso das crianças sob o comunismo. 

domingo, 17 de maio de 2020





O feminismo escrachado de “Eduardo e Mônica”. 



Acredito que todos devam conhecer a música “Eduardo e Mônica” da banda brasileira de rock/pop Legião Urbana. Também é inquestionável o talento e inteligência do letrista Renato Russo. Ele abordou vários temas em suas letras como a corrupção e o descrédito no país diante de tantos mal feitos em “Que país é esse”, as medidas antipopulares do governo Collor em “metal contra as nuvens” ou desilusões amorosas, como em “vento no litoral”. Porém, acredito que poucos tenham percebido a suavidade em que o Renato Russo ocultou um feminismo ácido na letra de uma de suas mais conhecidas canções: Eduardo e Mônica. 



Renato, como era do conhecimento de todos, era gay e militante ativistas das causas progressistas. 


Sem mais delongas, então vamos a letra e em seguida a análise. 



Eduardo e Mônica 


Compositor: Renato Russo 



Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão? 

Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade, como eles disseram 

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir 

Festa estranha, com gente esquisita
Eu não tô legal, não aguento mais birita
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
É quase duas, eu vou me ferrar 

Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard 

Se encontraram, então, no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo 

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês 

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol de botão com seu avô 

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão 

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser 

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro, artesanato, e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar 

Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar (não!)
E ela se formou no mesmo mês
Que ele passou no vestibular 

E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz 

Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana, seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram 

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação 

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão? 


A letra desta canção relata a história do romance entre duas pessoas totalmente distintas. O simplório e inexpressível Eduardo e a sofisticada Mônica. Não se iludam, essa diferença é proposital e foi posta por Renato exatamente para menosprezar a imagem masculina e exaltar a feminina. Isso ocorre do início ao fim. Todas as situações postas são colocadas em oposição onde o Eduardo (homem) é o lado tosco e fraco da história e a Mônica (mulher) é o supra sumo da existência. 

No começo, os versos iniciais já alertam para uma situação amorosa onde a paixão surgirá onde a razão não a endossará. “Quem um dia irá dizer, que existe razão, nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer, que não existe razão?" É lógico perceber que a razão é a Mônica e o Eduardo é a falta dela. Isso também nos remete ao lado intelectual onde a mulher é posta como capacitada e preparada e o homem, como um bronco das cavernas. 

Eduardo é preguiçoso “Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar, ficou deitado e viu que horas eram”, já a Mônica acorda cedo e já está na ativa, bebendo conhaque logo cedo? “Enquanto Mônica tomava um conhaque, no outro canto da cidade, como eles disseram.” Para o Renato isso era o último nível do refinamento. Vai entender. 

Depois de se encontrarem em uma “festa estranha, com gente esquisita” indicada por uma amiga da Mônica? Claro que não, se era “estranha” com “gente esquisita” tinha que vir do lado do Eduardo ou de um amigo seu. 

Eduardo é um ser fraco, que nem beber sabe que vai logo ficando bêbado, já a Mônica, aquela que toma conhaque ao escovar os dentes, essa não, é entendida e empoderada. 

O fraco Eduardo tem que ir cedo para casa pois necessita dar satisfação aos pais da hora e da forma que chega, “E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa. É quase duas, eu vou me ferrar”, enquanto que a Mônica não deve satisfação a ninguém. 

Eles trocam telefones e decidem se encontrar novamente, mas ficam indecisos sobre onde, se no sofisticado “filme do Godard” da Mônica ou na breguérrima lanchonete do Eduardo. Ganhou um campo neutro, o parque da cidade. A Mônica chega abalando em sua indelével moto, já o Eduardo, passa vergonha em cima do seu “camelo”

Provavelmente a Mônica tinha o cabelo de uma cor berrante, talvez vermelho ou verde, o Eduardo achou estranho, mas o que um simples mongol tinha a dizer para a deusa que se apresentava a sua frente? 

O menosprezo pelo Eduardo continua, ladeado pela exaltação à Mônica. O Eduardo é um adolescente medíocre e ao que parece a Mônica deve ser mais velha já que ela era de leão (?????). O Eduardo é um medíocre estudante com suas “aulinhas de inglês” (o diminutivo é depreciativo, neste caso. Novamente.), enquanto a magnânima Mônica “Ela fazia Medicina e falava alemão”. Chic nos últimos.

Culta? Só a Mônica que “gostava do Bandeira e do Bauhaus, Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud”, já a mediocridade cultural mora no desprezível Eduardo com seu gosto por novela e jogo de botão com seu avô. 

A Mônica era uma garota politizada que entre uma dose e outra de conhaque e outras coisitas mais, discutia sobre “o Planalto Central”. Ah! Ela também era mística e esotérica e praticava “magia e meditação”. Talvez fosse uma satanista zem ou uma descolada bruxa da Wicca. 

Já o mané do Eduardo, não conseguia sair do medíocre esquema “Escola, cinema, clube, televisão”

Porém, apesar destas diferenças absurdas, o amor surgiu entre eles.

Agora sim, quem sabe o otário do Eduardo consiga se tornar alguém mais refinado convivendo com a espetacular e indelével Mônica? 

Ela mostrou o supra sumo da cultura para o ogro Eduardo: “fizeram natação, fotografia, teatro, artesanato, e foram viajar.” 

Como Eduardo era um burrão, cabia a Mônica explicar toda e qualquer banalidade ou até mesmo os segredos do universo, como “coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar”. Pense numa cientista da NASA essa Mônica. 

E graças a Deus, a deusa Mônica (é claro) ensinou o gobira do Eduardo a beber, pois, ninguém mais aguentava o pinguço fazendo vergonha o tempo todo ao grupo seleto da divina Mônica. A santa Mônica também fez o milagre de fazer o vagabundo do Eduardo arranjar um emprego e voltar a estudar as ponto de passar no vestibular (mas, olha só que milagre estupendo!). 

O casalzinho de improváveis vão morar juntos e entre tapas e beijos, vai tudo bem. Faltou o Renato atribuir ao Eduardo toda a culpa pelas brigas do casal. Nessa ele falhou. 

A sacro santa Mônica engravida de gêmeos, mas pelo visto um puxou a ela e o outro ao burrão do Eduardo. Advinha qual? É lógico, o que ficou em recuperação e atrapalhou a viajem do casal. Só este é denominado de “filhinho do Eduardo” (filhinho também é colocado aqui de forma pejorativa): “Só que nessas férias, não vão viajar, porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação.” 

Para encerrar esse SCUM manifesto feminista, o Renato retoma a parte da razão versus emoção, ou da inteligência versus a burrice, de Mônica versus Eduardo, da Mulher versus homem. 

“E quem um dia irá dizer, que existe razão, nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer, que não existe razão? 






sábado, 16 de maio de 2020



China: A espiral do silêncio através do sentimento de mágoa.


Original da thread do Twitter de Rodrigo da Silva

Eu aposto. Você leu na imprensa dezenas de vezes a respeito nas últimas semanas: os chineses estão ofendidos.

Quer saber qual é a verdadeira história por trás desse sentimento de mágoa política - e do medo por suas consequências?

Segue a thread:



Há uma expressão em chinês para isso: "ferir os sentimentos do povo chinês". 伤害 了 中国 人民 的. Há décadas, Pequim utiliza dessa tática como intimidação diplomática. É um instrumento político poderoso. Há até verbete na Wikipedia a respeito.











Segundo o pesquisador David Bandurski, entre 1959 e 2015, o Diário do Povo utilizou 143 vezes da tática "ferir os sentimentos do povo chinês". O Japão lidera a corrida de ofensas, com 51 acusações. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com 35.

O pesquisador Wang Honglun aponta um número ainda maior: entre 1949 a 2013, o Diário do Povo, porta-voz do Partido Comunista, acusa estrangeiros de ferir os sentimentos do povo chinês exatas 319 vezes.







Até 2009, 42 países haviam sido acusados de ofensa à China. E não apenas nações desenvolvidas, mas também Guatemala, Malawi, Honduras, Nicarágua, Ilhas Salomão, Jordânia, Burkina Faso, Senegal, Suazilândia, Gâmbia, Libéria, Albânia e São Tomé e Príncipe.






Ricos e pobres são indiscriminadamente acusados de xenofobia e de "ferir os sentimentos do povo chinês", pelos motivos mais inofensivos possíveis. Para isso, basta desagradar os interesses políticos do regime. Como crianças mimadas, ninguém escapa.




Durante as Olimpíadas de Pequim, em 2008, a expressão foi usada tantas vezes que provocou uma onda de posts e artigos nos veículos ocidentais tentando entender por que o governo chinês ficava magoado com absolutamente qualquer coisa.

Apenas o Diário do Povo utilizou a expressão "ferir os sentimentos do povo chinês", acusando nações e organizações de desrespeitar a China, 88 vezes nos meses que antecederam as Olimpíadas de 2008.




Em 2011, nem o salmão norueguês escapou do jogo diplomático, boicotado por uma China ofendida pela premiação do ativista Liu Xiaobo no Nobel da Paz.





Em 2018, a alemã Mercedes-Benz pediu desculpas por "ferir os sentimentos" da China, depois de citar o Dalai Lama numa postagem no Instagram. Os chineses ficaram ofendidíssimos pela publicação desta imagem motivacional:






E a Mercedes-Benz não foi a única companhia a ser acusada de xenofobia. Entre 2017 e 2019, pelo menos 25 marcas globais foram forçadas a pedir desculpas para a China, por ofender os sentimentos do povo chinês.





Ofenderam a China em 2019: NBA, Apple, Versace, Dior, ESPN, Vans, Swarovski, Tiffany.


































Em 2018, um empregado de um hotel da rede Marriott em Nebraska, nos EUA, curtiu um tweet sobre o Tibet. O governo chinês exigiu que a Marriott desligasse todos os seus sites e apps no país por 7 dias. A empresa pediu desculpas. O funcionário foi demitido.


Há poucos dias, até uma das revistas científicas mais importantes do mundo, a Nature, pediu desculpas à China por ter dito que o novo coronavírus veio da China:

"Foi um erro de nossa parte pelo qual assumimos a responsabilidade e pedimos desculpas."



Não raramente, organizações acadêmicas são acusadas de ofender a China.

Em 2008, foi a Universidade de Londres.




Em 2017, a Universidade da Califórnia.



Em 2018, a Universidade da Coréia.


Mais de 100 entrevistados pela publicação progressista The New Republic - como professores, estudantes, reitores e ex-alunos de universidades americanas - revelaram uma prevalência de autocensura nas instituições em relação à China. 

Em 2019, um professor britânico foi questionado pela administração de sua universidade se poderia remover um pôster do tanque da Praça da Paz Celestial de seu escritório porque isso poderia ofender os chineses. Ele recusou.

Em 2017, uma estudante universitária chinesa fez um discurso de formatura nos Estados Unidos elogiando a liberdade de expressão no país. O endereço residencial de sua família foi amplamente compartilhado na China. Ela pediu desculpas no dia seguinte.




A ironia, como aponta esse artigo da The Economist, é que o regime raramente deseja que a população chinesa expresse seus sentimentos e, de fato, teme que a manifestação da opinião pública, insistentemente censurada, desafie o seu controle no país.



Em 2016, um concurso virtual chegou a ser organizado para selecionar os melhores pedidos de desculpas dados por "ofender" a China. Milhares de pessoas participaram do #FirstAnnualApologiseToChinaContest, que foi parar até no The New York Times.



Acusar de racista ou xenófobo organizações ou países que desagradam o governo chinês é uma prática de Pequim há 6 décadas. Não há nada de novo com o que ocorre nesta pandemia de coronavírus a qualquer pessoa que tenha minimamente estudado a história da política externa chinesa.


Lembre-se disso sempre que questionar o regime chinês e receber mensagens com acusações de xenofobia.


Chama-se autocensura. E é só mais uma tentativa grosseira de silenciamento perpetuada por extremistas políticos, difusores da propaganda oficial da maior autocracia do planeta.

Link relacionados:



"ferir os sentimentos do povo chinês"


David Bandurski


porta-voz do Partido Comunista, acusa estrangeiros de ferir os sentimentos do povo chinês exatas 319 vezes.


Quem mais machucou o sentimento chinês.


Mapeando os sentimentos feridos da China


Ferindo o sentimento chinês.

Boicotando o salmão norueguês


Pedido de desculpas da Mercedes Benz.


25 marcas pedem desculpa a China.


Protestos contra a NBA

Apple

Versarce




ESPN


Tiffany

Marriott

Nature


The Guardian

Universidade da Califórnia


Universidade da Coreia

Auto censura nas universidades americanas em relação a China.

Yang Shuping


The Economist


sábado, 2 de maio de 2020







Chegou o Comunavírus

Por 


Ernesto Araújo - 22/Abril/2020


O Coronavírus nos faz despertar novamente para o pesadelo comunista.


Chegou o Comunavírus.

É o que mostra Slavoj Žižek, um dos principais teóricos marxistas da atualidade, em seu livreto “Virus (pandemia - Covid-19 e a reinvenção do Comunismo)”, recém-publicado na Itália (*). Žižek revela aquilo que os marxistas há trinta anos escondem: o globalismo substitui o socialismo como estágio preparatório ao comunismo. A pandemia do coronavírus representa, para ele, uma imensa oportunidade de construir uma ordem mundial sem nações e sem liberdade.













 Slavoj Žižek


Cito e comento, a seguir, alguns trechos do livreto de Žižek, essa obra-prima de naïveté canalha, que entrega sem disfarce o jogo comunista-globalista de apropriação da pandemia para subverter completamente a democracia liberal e a economia de mercado, escravizar o ser humano e transformá-lo em um autômato desprovido de dimensão espiritual, facilmente controlável:



“Tomara que se propague um vírus ideológico diferente e muito mais benéfico, e só temos a torcer para que ele nos infecte: um vírus que faça imaginar uma sociedade alternativa, uma sociedade que vá além do Estado-nação e se realize na forma da solidariedade global e da cooperação.”

“Uma coisa é certa: novos muros e outras quarentenas não resolverão o problema. O que funciona são a solidariedade e uma resposta coordenada em escala global, uma nova forma daquilo que em outro momento se chamava comunismo.”

Žižek não esconde seu anseio e sua convicção de que um vírus “diferente e mais benéfico” do que o coronavírus, o vírus ideológico, contagiará o mundo e permitirá construir o comunismo de uma forma inesperada. Não está sequer interessado naquilo que funciona ou não funciona para combater o coronavírus, a quarentena ou o fechamento de fronteiras, pois o objetivo não é debelar a doença, e sim utilizá-la como escada para descer até o inferno, cujas portas pareciam bloqueadas desde o colapso da União Soviética, mas que finalmente se reabriu. Tudo em nome da “solidariedade”, claro, do mesmo modo que no universo de 1984 de Orwell a opressão sistemática fica a cargo do “Ministério do Amor”. Quem quiser defender suas liberdades básicas, quem quiser continuar vivendo num Estado-Nação, estará faltando com o dever básico de “solidariedade”.

O termo "Solidariedade" como nova regra na sociedade. 

“Um primeiro e vago modelo de uma tal coordenação na escala global é representado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (...) Serão conferidos maiores poderes a outras organizações desse tipo.”

Não escapa a Žižek, naturalmente, o valor que tem a OMS neste momento para a causa da desnacionalização, um dos pressupostos do comunismo. Transferir poderes nacionais à OMS, sob o pretexto (jamais comprovado!) de que um organismo internacional centralizado é mais eficiente para lidar com os problemas do que os países agindo individualmente, é apenas o primeiro passo na construção da solidariedade comunista planetária. Seguindo o mesmo modelo, o poder deve ser transferido também para outras organizações, cada uma em seu domínio. Žižek não o especifica, mas provavelmente tem em mente uma política industrial global sendo ditada pela UNIDO, um programa educacional global controlado pela UNESCO e assim por diante.

“Tudo isto acaso não mostra com clareza a necessidade urgente de uma reorganização da economia global que não esteja mais sujeita aos mecanismos do mercado? E aqui não estamos falando do comunismo de outrora, naturalmente, mas de algum tipo de organização global que possa controlar e regular a economia, como também que possa limitar a soberania dos Estados nacionais quando seja necessário.”

Sim, não é o comunismo de outrora, que instalava ora num país, ora noutro, um sistema de planejamento econômico central, sempre fracassado em proporcionar bem-estar, sempre exitoso em controlar e oprimir a sociedade. Trata-se agora de um planejamento central mundial, que certamente traria o mesmo fracasso e o mesmo êxito desse modelo quando aplicado no passado na escala nacional.

“Muitos comentaristas progressistas moderados e de esquerda revelaram como a epidemia do coronavírus se presta a justificar e legitimar a imposição de medidas de controle e disciplina das pessoas até aqui inconcebíveis no quadro das sociedades democráticas ocidentais."

Žižek menciona entre esses comentaristas a Giorgio Agamben, filósofo de esquerda aparentemente não-marxista, que escreveu com grande apreensão sobre o cerceamento de liberdades que está em curso e que considerou a reação à pandemia um pânico altamente exagerado (**). Mas aquilo que esses comentaristas vêem com preocupação, Žižek recebe com júbilo, e intitula o capítulo em que trata desse tema justamente:

"Vigiar e punir? Sim, por favor!" 

Refere-se Žižek, naturalmente, ao título do livro de 1975 de Michel Foucault, Surveiller et Punir no original, que descrevia a evolução das prisões do Século XIX para as prisões sem grades da sociedade de controle da pós-modernidade ocidental.

"Não surpreende que, ao menos até agora, a China - que já empregava largamente sistemas de controle social digitalizado - se tenha demonstrado a mais bem equipada para enfrentar a epidemia catastrófica. Deveremos talvez deduzir daí que, ao menos sob alguns aspectos, a China represente o nosso futuro? Não nos estamos aproximando de um estado de exceção global?”

“Mas se não é esse [o modelo chinês] o comunismo que tenho em mente, que entendo por comunismo? Para entendê-lo, basta ler as declarações da OMS.

Žižek tem uma atitude ambígua em relação à China. Admira o que considera o êxito chinês no controle social, mas ao mesmo tempo não parece querer identificar a sua própria concepção de comunismo com o regime chinês, talvez porque o comunismo, ao final das contas, exige o fim do Estado, enquanto a China representa o modelo de Estado forte que o comunismo visa a superar. Esse não-Estado, esse grau zero do Estado que corresponde ao grau máximo do poder, Žižek vai buscá-lo nos organismos internacionais, que permitiriam, no que parece ser a sua visão, o exercício totalitário sem um ente totalizante, um ultrapoder rígido mas difuso, exercido em nome da “solidariedade” e portanto inatacável – pois quem ousaria posicionar-se contra a solidariedade? “Solidariedade” é mais um conceito nobre e digno que a esquerda pretende sequestrar e perverter, corromper por dentro, para servir aos seus propósitos liberticidas. Já fizeram ou tentaram fazer o mesmo com os conceitos de justiça, tolerância, direitos humanos, com o próprio conceito de liberdade.

“Não é uma visão comunista utópica, é um comunismo imposto pelas exigências da pura sobrevivência. Trata-se de uma variante do ‘comunismo de guerra’ como foram chamadas as providências tomadas pela União Soviética a partir de 1918”.

Žižek parece querer dizer: “Não se preocupem. Não há nada de ideológico no que proponho. Apenas me guio pelo pragmatismo de quem quer salvar a humanidade, e neste momento o pragmatismo dita a opção por um sistema comunista, mas é um comunismo de emergência, só isso.” Então perguntaríamos: “E quando vai acabar essa emergência? Quando vai acabar esse estado de exceção?” Žižek possivelmente responderia, com um sorriso cheio de “solidariedade”: “A emergência vai durar para sempre.”

Žižek não se preocupa com o resultado da quarentena para a contenção do coronavírus, ele não se preocupa em conter o coronavírus, mas sim em favorecer ao máximo o contágio do outro vírus, esse que ele mesmo denomina o vírus ideológico, “diferente e muito mais benéfico”. Ele louva a quarentena justamente pelo seu potencial destrutivo. Seu mundo dos sonhos é Wuhan quarentenada:

“...Uma cidade fantasma, as lojas com a porta aberta e nenhum cliente, somente aqui e ali uma pessoa a pé ou um carro, indivíduos com máscaras brancas (...) fornece a imagem de um mundo não-consumista em paz consigo mesmo.”

No pensamento de Žižek, à custa da destruição dos empregos que permitem a sobrevivência digna e minimamente autônoma de milhões e milhões de pessoas, ao preço do desmantelamento de sua liberdade e de seu sustento, se atinge um mundo “em paz consigo mesmo”. O comunismo sempre afirmou que seu objetivo é a paz e a emancipação de toda a humanidade. Aí, numa cidade deserta, sem emprego, sem vida, onde cada um é prisioneiro em seu cubículo, sob a supervisão de uma autoridade suprema que nem sequer é o governo do seu próprio país (que por mais ditatorial que seja ainda pelo menos tem um rosto e uma bandeira), mas uma agência global anônima e inatingível, aí está a configuração perfeita da paz e da emancipação comunista.


Mas o paralelo com o nazismo é talvez uma passagem ainda mais chocante do seu livro:


“'Arbeit Macht Frei' é ainda o lema correto, não obstante o péssimo uso que dele fizeram os nazistas.” 


Žižek repete aqui o lema colocado na porta do campo de concentração de Auschwitz, a ultracínica, perversa afirmação de que “O trabalho liberta”. Segundo ele, portanto, os nazistas não erraram na substância, erraram apenas no uso que fizeram dessa frase. (Aqueles que ainda não acreditam que o nazismo é simplesmente um desvio de rota da utopia comunista, e não o seu oposto, encontrarão aqui talvez um importante elemento de reflexão.) Segundo esse expoente do marxismo, Arbeit macht frei é o “lema correto” da nova era de solidariedade global que se avizinha em consequência da pandemia, e o que diferencia este novo mundo do campo de Auschwitz é que agora se fará bom uso desta horrível mentira que perverte e humilha dois valores sagrados da humanidade, o trabalho e a liberdade. Os comunistas não repetirão o erro dos nazistas e desta vez farão o uso correto. Como? Talvez convencendo as pessoas de que é pelo seu próprio bem que elas estarão presas nesse campo de concentração, desprovidas de dignidade e liberdade. Ocorre-me propor uma definição: o nazista é um comunista que não se deu ao trabalho de enganar as suas vítimas.

“Não é talvez o espírito humano também uma espécie de vírus, que age como parasita no animal humano, o utiliza para se reproduzir, e às vezes ameaça destruí-lo? E se é verdade que o meio do espírito é a linguagem, não seria oportuno considerar que, num plano mais elementar, a linguagem é também alguma coisa mecânica, uma simples questão de regras que devemos aprender e respeitar?”

Sempre sustentei que o controle da linguagem para destruí-la enquanto meio de pensamento, ou meio do espírito como bem diz Žižek, é um dos grandes objetivos do comunismo, para destruir a dimensão espiritual do homem e assim assujeitá-lo completamente. Se o espírito vive na linguagem e se a linguagem não passa de regras a serem aprendida e respeitadas (sim, respeitadas!), isso significa que a linguagem está, como o comportamento social na quarentena, sujeita aos mecanismos de “vigiar e punir”. Já era assim com as regras do politicamente correto. Agora o politicamente correto incorpora o sanitariamente correto, muitas vezes mais poderoso. O sanitariamente correto te agarra, te algema e te ameaça: “Se você disser isso ou aquilo, você coloca em risco toda a sociedade, se você pronunciar a palavra liberdade você é um subversivo que pode levar toda a sua população a morrer – então respeite as regras.” Controlar a linguagem para matar o espírito, eis a essência do comunismo atual, esse comunismo que de repente encontrou no coronavírus um tesouro de opressão.

Também já disse e repito: o verdadeiro inimigo que o comunismo quer abater não é o capitalismo, o inimigo do comunismo é o espírito humano, na sua complexidade e beleza. É o espírito humano que o vírus ideológico de Žižek chegou para destruir.

Uma pergunta surge após a leitura desse programa totalitário cheio de desfaçatez e hipocrisia: deve-se levar Žižek a sério?

Muito a sério. Žižek é provavelmente o escritor marxista mais lido nos últimos trinta anos. Influencia faculdades e círculos intelecutais “progressistas” ao redor do mundo, que por sua vez influenciam a mídia, que influencia os políticos, que tomam decisões muitas vezes inconscientes da raiz ideológica dos conceitos “pragmáticos” pelos quais se deixam guiar. O que diferencia Žižek de muitos de seus pares é que ele enuncia abertamente o que outros escondem nas entrelinhas.

Em suma, Žižek explicita aquilo que vinha sendo preparado há trinta anos, desde a queda do muro de Berlim, quando o comunismo não desapareceu, mas apenas dotou-se de novos instrumentos: o globalismo é o novo caminho do comunismo. O vírus aparece, de fato, como imensa oportunidade para acelerar o projeto globalista. Este já se vinha executando por meio do climatismo ou alarmismo climático, da ideologia de gênero, do dogmatismo politicamente correto, do imigracionismo, do racialismo ou reorganização da sociedade pelo princípio da raça, do antinacionalismo, do cientificismo. São instrumentos eficientes, mas a pandemia, colocando indivíduos e sociedades diante do pânico da morte iminente, representa a exponencialização de todos eles.

A pretexto da pandemia, o novo comunismo trata de construir um mundo sem nações, sem liberdade, sem espírito, dirigido por uma agência central de "solidariedade" encarregada de vigiar e punir. Um estado de exceção global permanente, transformando o mundo num grande campo de concentração.

Diante disso precisamos lutar pela saúde do corpo e pela saúde do espírito humano, contra o Coronavírus mas também contra o Comunavírus, que tenta aproveitar a oportunidade destrutiva aberta pelo primeiro, um parasita do parasita.


(*) Žižek, Slavoj. Virus. Milão, Ponte Alle Grazie, 2020 (Quinta edição digital.) (A tradução do italiano ao português de todos os textos citados é minha.)

(**) Agamben, Giorgio. “Lo stato d’eccezione provocato da un’emergenza immotivata”. Il Manifesto – Quotidiano Comunista, 26/02/2020.



Ernesto Henrique Fraga Araújo é um diplomata e escritor brasileiro, atual Ministro das Relações Exteriores do Brasil.