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quinta-feira, 28 de março de 2019





KGB atuou no Brasil ante de 64 para implantar um regime comunista. 



O livro 1964 - O elo perdido, fruto da primeira investigação brasileira nos arquivos do serviço de inteligência da antiga Tchecoslováquia, o StB (sigla para "Segurança Estatal"), é uma parceria ente Mauro Kraenski e o tcheco Vladimír Petrilák. Neste trabalho é revelado que a StB, subordinada à KGB, atuou na América Latina durante a Guerra Fria com o intuito de promover levantes e implantar nas nações regimes socialistas. 


O livro 1964 - O elo perdido, de Mauro Kraenski e do tcheco Vladimír Petrilák.

Entre tantas história é descrito que Jânio Quadros, antes mesmo de ser eleito presidente do Brasil, visitou Moscou, em 1959, ao lado de Alexandr Ivanovich Alexeyev, um agente da KGB, a agência de inteligência soviética , que atuara como seu tradutor, fez a seguinte declaração: "Quando eu chegar ao poder, e chegarei com 100% de certeza, você será o primeiro a receber o visto". Nem é preciso dizer que Jânio foi eleito logo em seguida e que tal frase é um indício forte da atuação do governo comunista russo nos destino do Brasil antes da contra revolução de 64.


Jânio Quadros em momentos "íntimos" com comunistas: condecorando Che Guevara e em um passeio com Fidel Castro. 

"Não há praticamente nada de pesquisa sobre a União Soviética nesse período", comenta o professor Carlos Fico, do departamento de história da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Kraenski trabalhava como guia no Memorial e Museu Auschwitz-Bikernau, o antigo campo de concentração nazista na Polônia, quando, por acaso se viu diante de arquivos tchecos relacionados a essa história e resolver se aprofundar mais. Ele se une ao tradutor da língua tcheca Vladimír Petrilák e criam um site para divulgar esse trabalho. Perguntado sobre qual seria  a grande descoberta dos arquivos pela perspectiva dos Pesquisadores, Krenski disse: “Talvez seja o fato de saber pela primeira vez sobre a atuação de espiões de serviços de inteligência do bloco soviético no Brasil. Ou descobrir que houve brasileiros que, segundo os documentos, colaboraram — de forma consciente ou não, depende do caso — com esse serviço de espionagem estrangeiro. Todas as informações dos arquivos secretos devem ser consideradas com cuidado. Muitas delas não têm fontes alternativas para confirmação, mas, mesmo assim, ele argumenta, são fonte relevante sobre o período”. Ele também afirmou que havia uma rede de 30 agentes de fato e pelo menos uns 100 potenciais agentes que colaboraram com o serviço de inteligência sem saber, aos quais denominou de  “figurantes”, que atuaram no Brasil entre 1952 e 1971: “O serviço de inteligência tchecoslovaco determinava objetos ou alvos de interesse, com o objetivo de entrar, infiltrar ou penetrar operacionalmente através de sua rede de agentes para aquisição de informações ou materiais relacionados com determinadas tarefas". 

Os comunistas russos infiltrados tinham como principais alvos o Parlamento, o Itamaraty e o governo federal além de instituições e estatais como o Exército, a Petrobras e o BNDES. O modus operandi era recrutar principalmente jovens brasileiros que tivesse um ideal nacionalista e fossem bastante anti americano e que se identificassem com os preceitos socialistas ou até mesmo fossem militantes de partidos comunistas como o PCB. Alguns eram manipulados via doutrinação ideológica, cooptados através de pequenos subornos, presentes e verbas ou até mesmo por coação e ameaças, através de informações comprometedoras que eram obtidas pelo serviço de inteligência russo. 

Também atuavam  de forma governamental ao intermediar a obtenção de armamento  para o Brasil, falsificaram documentos para implicar o EUA em um suposto golpe em 64 e também financiando jornais  para influenciar noticiando de forma ideológica em prol do esquerdismo socialista. A meta era criar também uma emissora de TV e uma rádio de alcance continental.  Foram enviadas 20.000 metralhadoras de fabricação tcheca além de ações para melhorar a imagem negativa do regime comunista e ditatorial cubano e também foi elaborado uma missão para reagir a uma possível movimento contra seus intentos por parte do Estado ou da sociedade como um todo. 


Trecho do relatório do serviço de inteligência tchecoslovaco sobre o contra golpe de 64. 

Observem este trecho do livro recortado de um documento de 23 de outubro de 1961: "O camarada ministro confirmou a operação ativa I-V de criptônimo LUTA, cujo objetivo é causar demonstrações e tumultos antiamericanos e — em caso de seus surgimentos — causar uma guerra civil no Brasil. Um dos objetivos desta operação ativa é fazer com que representantes nacionalistas tomem o poder no Brasil". Também é revelado que o governador do Rio Grande do Sul a época, Leonel Brizola junto as Ligas Camponesas lideradas por Francisco Julião promoveram contatos com a operação LUTA, durante o período de novembro de 61 a abril de 62.



 Leonel Brizola e Francisco Julião líder das Ligas Camponesas e um recorte da revista Veja sobre o auto-exílio de Leonel Brizola e sua situação em relação aos movimentos guerrilheiros da Esquerda socialista. 

A pesquisa de Kraenski e Petrilák mostra ainda que os tchecoslovacos foram pegos de surpresa quando os militares tomaram o poder em abril de 1964. Isso ocorreu, segundo os agentes russos, devido a comunicação desordenada da Direita brasileira. Em seus relatórios eles também afirmam que "hesitação típica de Goulart e a sua incapacidade de levar as coisas até o fim" favoreceu a não reação dos movimentos existentes. "Não se podia sequer falar em derrota, pois a derrota pressupõe uma luta, e no Brasil houve somente uma tomada pacífica de poder pela direita", diz um trecho do mesmo documento que foi destinado apenas a cúpula do partido comunista tcheco. Uma questão curiosa é a forma como os arquivos checos criticaram os costumes dos brasileiros e do país.

Os agentes expressaram suas impressões que iam das reclamações pelo intenso calor do Rio de Janeiro, a falta de água por uma semana no apartamento de Copacabana onde o primeiro chefe da rezidentura (base do serviço de inteligência) tchecoslovaca no Brasil se instalou, as críticas comportamentais do brasileiro: "Todo o povo é educado em um espírito de desprezo para com o trabalho, o que pode se observar, por exemplo, quando as faxineiras se recusam a limpar janelas e assoalhos, o que obriga a contratação de mais faxineiras especialmente para isso", registra o agente Jirí Kadlec, de codinome Honza. 

Segundo o primeiro agente da StB no Brasil, "homens e mulheres têm unhas tratadas, todos querem a qualquer preço causar a impressão de que não precisam trabalhar fisicamente". Em outro trecho, ele relata a violencia que ocorria na cidade, como um assassinato cometido a 20 passos da embaixada tchecoslovaca: "Em plena luz do dia, um homem cortou a garganta da esposa porque a mesma não queria partir com ele para outra região do país em busca de uma vida melhor". Em outro relatório, registra-se que "os brasileiros reconhecem como cozinha típica somente a cozinha baiana" e que ela "pode levar à enfermidade". O trecho mais duro sobre os brasileiros reproduzido pelos pesquisadores no livro 1964 - O elo perdido coube ao agente Václav Bubenícek (codinome Bakalár): 

"Um brasileiro, ao contatar com um estrangeiro, possui uma tendência em fazer uma grande quantidade de promessas, já supondo que não cumprirá nenhuma delas". 

Referindo-se à classe média, ele diz que "são pessoas preguiçosas e bem levianas, com as quais não se pode contar". "Os brasileiros de classe média frequentemente surpreendem um europeu com uma longa lista de faculdades e cursos que terminaram; mas, na verdade, o conhecimento adquirido por eles é muito superficial, o que significa que no Brasil, por regra, encontramos pessoas ignorantes, que, mesmo com numerosos títulos científicos, não chegam aos pés da nossa gente com formação primária".   

Com a tomada de poder pelos militares os “figurantes”, jornalistas, funcionários públicos e até um deputado federal, tiveram de se retrair e muitos se refugiaram em embaixadas estrangeiras e no exterior ou perderam os cargos que lhes garantiam importância. Apesar dos militares no poder a operação comunista ainda atuou formalmente por mais sete anos. Para Kraenski  ainda há muito material para ser pesquisado no arquivos e que assim como ocorre no Brasil, desconfia-se que os documentos que os tchecoslovacos registram como destruídos possam estar guardados em algum lugar. 












Manchetes de jornais da época e apoio popular ao contra golpe, em prol da Democracia e contra o Comunismo. 


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