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sexta-feira, 5 de abril de 2019


Operação Tarântula: O mito da caça aos travestis e gays no Brasil durante os anos 70/80. 


A AIDS apareceu como uma doença originária do meio onde a promiscuidade e a degradação moral e sexual, junto ao consumo descuidado das drogas, eram intensos. Os ambientes das prostitutas, dos drogados, dos moradores de rua e dos homossexuais. Estas classes estavam vulneráveis, além dos riscos de morte por violência, por overdose, também a contaminação de doenças, principalmente as transmitidas sexualmente, como a AIDS que fatalmente os levavam a morte. 

O estilo de vida degradado deles, propagou o que veio a ser conhecido como a “doença dos gays”, que, no entanto, não afetava apenas a eles mas a todas as outras categoria citadas e a todos que resolvessem se envolver com pessoas dessas categorias de risco citadas. 

​ No entanto, os gays ficaram tachados como os únicos propagadores da doença, o que foi determinante para que surgisse um clima de histeria coletiva (justificada ou não em relação ao comportamento deles) que surgiu nos anos 80. 

Mas será que essa situação provocou no Brasil que estava prestes a sair do regime militar, um sentimento de caça aos gays que “justificava” a morte de homossexuais e travestis? 

Para o ativismo LGBT, não há dúvidas, o regime militar “foi especialmente duro com gays, travestis, transexuais e afins e ocorreu de fato uma caça a eles, com o apoio da sociedade.” 

Esse pensamento foi traduzido no documentário “Temporada de caça”, dirigido e produzido por Rita Moreira. 

Qual era de fato a realidade e a lei da vadiagem. 

Nestes tempos havia uma lei contra a vadiagem em que moradores de rua, drogados, prostituas e homossexuais (profissionais do sexo ou em busca de prazer momentâneo nas ruas escuras da cidade), eram enquadrados. 

Porém, para melhor entendimento dos fatos, voltemos um pouco no tempo. Foi em plena ditadura do Estado Novo (1937-1945), no governo Getúlio Vargas (o pai dos pobres e o protetor dos trabalhadores, segundo a Esquerda), que o Brasil assistiu à criação da chamada lei da vadiagem. Porém, o que os ativistas LGBT e dos Direitos Humanos afirmam é que tal lei foi usada como pretexto para perseguir e oprimir pobres, negros, prostitutas e principalmente homossexuais, quando não para exterminá-los em muitos dos casos, em uma clara eugenia social atingindo essas classes “minoritárias”. 

A definição de vadiagem e a sua punição estão previstas num artigo da Lei de Contravenções Penais, instituída por decreto em 3 de outubro de 1941. O artigo faz parte do capítulo VII da lei, que tem o sugestivo título “Das contravenções relativas à polícia de costumes”. No seu artigo 59, a lei considera vadiagem “entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante ocupação ilícita”. 

A pessoa classificada como “vadia” poderia ser levada à prisão simples, com pena de 15 dias até três meses. Na época da criação da lei, existiam a chamada Delegacia da Vadiagem e a figura do delegado de Costumes e Diversões, encarregados de reprimir também os contraventores do jogo do bicho. É lógico que a aplicação correta desta lei é algo bastante questionável, já que classificar alguém como realmente um contraventor por vadiagem não é uma tarefa fácil. Então, muitos assim foram tratados por tão somente não estarem com documentos no momento da abordagem ou por não terem carteira de trabalho assinada. 

Mas será que seria coerente afirmar que tal lei fora utilizada para perseguir ou mesmo assassinar prostitutas, drogados, moradores de rua e principalmente gays? 

Porque o destaque em cima dos gays? Com certeza o ativismo da causa LGBT tem a responsabilidade sobre isso. 

Para os ativistas da causa gay talvez um dos exemplos mais evidentes da suposta repressão institucionalizada que dizem ter existido na época, foram os “expurgos de homossexuais” dentro do Itamaraty entre 1969 e 1970, onde sete diplomatas teriam sido cassados explicitamente por “prática de homossexualismo, incontinência pública escandalosa”. 

​O Ministério das Relações Exteriores instalou a Comissão de Investigação Sumária, visando identificar e punir alcoólatras e pessoas consideradas emocionalmente instáveis dentro do Itamaraty. Ao todo, 44 indivíduos foram cassados a partir da declaração do AI-5, porque afrontavam os valores do regime em suas condutas privadas. Entre os diplomatas obrigados a pedirem demissão, 15 o fizeram em função de “prática de homossexualismo” com “incontinência pública escandalosa”, e outros 10 conduzidos a fazer exames médicos e psiquiátricos para se comprovar as suspeitas que sobre eles recaíam, justificando seu afastamento. 

Mas, esta situação nos leva a um questionamento: Não seria correto cassar um diplomata que não domasse seus impulsos sexuais em público e os manifestasse de forma escandalosa? Assim como também um que fosse dado ao vício do álcool ou que tivesse problemas mentais? 

​Observem que somente 15 dos 44 diplomatas afastados foram por motivos relacionados a comportamentos sexuais inadequados para a posição ocupada. Mas os outros 29 não interessam à causa ativista dos grupos militantes LGBs. 

​O livro Ditadura e homossexualidades, de James N. Green e Renan Quinalha, afirma que no início dos anos 1970 a polícia civil passou a fazer rondas para reprimir a criminalidade nas grandes cidades, por meio de blitz. Assim, apreendiam LGBTs nas ruas sob a justificativa de averiguação. 

​A partir de 1976, a polícia civil de São Paulo passou a pesquisar e a catalogar os travestis. O delegado Guido Fonseca, responsável por uma pesquisa em criminologia envolvendo essas pessoas que chamava de "pervertidos" determinou, então, que todo travesti devia ser levado à delegacia para que fosse fichado e tivesse sua foto tirada "para que os juízes pudessem avaliar seu grau de periculosidade". 

​As décadas de 70 e 80 testemunharam uma “onda de assassinatos” brutais de pessoas LGBT, algumas delas bastante conhecidas, como o diretor de teatro Luíz Antônio Martinez Corrêa, irmão de Zé Celso. O ativismo LGBT até hoje propaga que a sua morte foi causada por questão de intolerância à homossexualidade, porém, o resultado das investigações apontou para latrocínio (roubo seguido de morte). Luíz Antônio Martinez foi encontrado nu em sua cama, com os pés e as mãos amarrados, com um golpe na cabeça, estrangulado e mutilado com 107 facadas em seu apartamento em Ipanema. Alguns pertences do diretor (uma secretária eletrônica, um videocassete e 17 mil cruzados) foram roubados. Dois dias após o homicídio, o então surfista Gláucio Garcia de Arruda é identificado pelo porteiro do prédio como a última pessoa a sair do apartamento do diretor. Garcia foi preso e posteriormente julgado, foi absolvido em primeira instância e condenado em segunda instância a 20 anos de prisão por latrocínio. 

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Manchete da época sobre o caso Luíz Antônio Martinez Corrêa. 


Operação Tarântula 

Em 1987, a polícia de São Paulo no governo Paulo Maluf deu início à Operação Tarântula, com o objetivo principal de prender travestis que se prostituíam nas ruas de São Paulo e tentar reduzir a propagação da transmissão de doenças venéreas, principalmente a AIDS, que até então não tinha tratamento eficaz e era mortal. 

Mas para o ativismo gayzista a operação Tarântula nada mais foi que uma ação que tinha como objetivo a “higienização” das ruas da cidade de São Paulo, baseado na lei que proibia a “vadiagem”. As principais vítimas, evidentemente, foram os travestis e os gays. 

A operação Tarântula teve vida curta (míseros 12 dias). Iniciada no dia 27 de fevereiro de 1987, foi suspensa em 10 de março do mesmo ano, depois que grupos em defesa dos direitos LGBT encaminharam nota de repúdio à Secretaria Estadual da Segurança Pública, contra supostas prisões arbitrárias. Cerca de 300 travestis e transexuais foram detidos. 

No primeiro dia da operação, 56 pessoas foram presas e os jornais da época noticiaram a ação da seguinte maneira: “Polícia Civil ‘combate’ a Aids prendendo travestis”. 

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Márcio Cruz, delegado-chefe na época, dizia que a cidade estava vivendo "um período pré-apocalíptico" e que os travestis responderiam por "ultraje ao pudor público e crime de contágio venéreo". 

No entanto, apesar da operação ter sido suspensa pouco tempo depois, sete (07) travestis foram assassinados misteriosamente, a tiros. Além da suspeita que recaiu sobre policiais, houve desconfiança da ação de grupos anti-gays que se manifestavam abertamente. Mas nada foi comprovado. 

O jornal Lampião da Esquina, feito por ativistas homossexuais, dedicou-se a denunciar a violência contra a comunidade LGBT. 

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O documentário “Temporada de caça” 

​Na época, a cineasta Rita Moreira fez o documentário chamado “Temporada de caça”, onde expôs supostos depoimentos coletados em via pública, representando as opiniões da época em relação a ações realizadas durante a “Operação Tarântula”. 

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​ Documentário “Temporada de caça” da cineasta Rita Moreira 

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Declarações mostradas no documentário revelariam a dimensão de como o ódio generalizado predominava na sociedade e, de certa forma, sancionava uma verdadeira caçada às minorias sexuais. 

​No entanto a veracidade da maioria destes depoimentos, principalmente os que declaram sem nenhum pudor sobre a concordância de que os homossexuais deveriam ser mortos, é bastante improvável. Para muitos, tudo não passou de atores ou colaboradores atuando em nome da produção do tal documentário e da causa gay. De fato, certos depoimentos soam muito grotescos, até mesmo para os anos 80. Pessoas de diversas idades e classes sociais afirmam absurdos como: 

A repórter chama uma moça que passa na rua e faz a pergunta: 

Repórter: Você tem ouvido falar em noticiário, jornais, TV e rádio sobre assassinato de homossexuais? 

Moça: Já, já sim. 

Repórter: O que que você pensa disso? 

Moça: Eu acho que tem mais é que assassinar mesmo... 


A um jovem, a repórter pergunta: 

Repórter: O que você acha desses assassinatos que tão ocorrendo... Já ocorreram muitos em São Paulo, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul... O que você acha de matar homossexuais? 

Jovem: Eu acho que acabar, deve acabar né? De uma forma ou de outra. Prendendo, matando... Eu sou contra isso também... homossexuais. 

Mascando chicletes a repórter pergunta a outro jovem: 

Repórter: Você acha que deveriam matar travestis? 

Jovem: Bom, eu acho que.. se a lei permitisse, seria uma boa né? 

O teor político de viés esquerdista de tal documentário enfraquece a boa intencionalidade do mesmo, já que sai da exposição de uma suposta realidade de perseguição e assassinato de gays, para pautas mais sociais e/ou discriminatórias para com outras categorias tachadas como “minorias”, como os negros, os favelados ou pobres e as mulheres. 

​Um participante de uma audiência na Federação dos Trabalhadores em Empresas de Difusão Cultural e Artística do Estado de São Paulo afirmou que os assassinatos eram algo inerente a uma prática esportiva de “caça as bichas” e que tal esporte era promovido por movimentos fascistas que influenciavam a população menos favorecida. Quanta loucura. 

Esse pensamento também é endossado pelo poeta Roberto Piva que afirma que o tal comportamento criminológico de assassinar gays é fruto de estudantes universitários da classe média e da influência da TV na população em geral que os tornam criminosos em potencial. 

​O cantor Jorge Mautner afirma que os atos eram frutos de um grupo organizado em forma de Partido Político Neo-Nazista (Redenção Nacional ou Vontade Nacional) com o intuito de promover uma guerra racial. E depois expõe um levantamento da ONU que demonstraria que 90% de todos os crimes brasileiros tinham o envolvimento de policiais. 

​Já um cantor gay de uma banda paulista (Cláudia Wonder) afirmou que isso era fruto de uma “época de moralismo” que fazia com que as pessoas descontassem suas frustrações em minorias como gays e negros. 

O documentário então passa a colocar entrevistados que se colocam contra o assassinato de homossexuais, como se tais ações fossem de fato resultados de atos categoricamente preconceituosos, excluído qualquer outra situação como crimes por motivos passionais, dívida de drogas, vingança, acerto de contas, revanche de comerciantes ou empresários que se sentiam prejudicados economicamente com a degradação moral que eles promoviam na região, ou até mesmo por conta de crimes cometidos pelos homossexuais, como assalto, roubos ou chantagem para com amantes secretos que eram casados, além é claro de latrocínios. Mas a ação de “exterminadores de gays” agindo em nome de pautas conservadoras é a única trabalhada pelo ativismo existente no documentário em relação aos casos ocorridos. 

​Zé Celso, o irmão do diretor de teatro Luíz Antônio Martinez Corrêa, assassinado em seu apartamento, supostamente por um cliente ou amante, que cometeu latrocínio, diz que acredita que o assassino do irmão foi realmente o surfista Gláucio Garcia de Arruda, que nenhuma relação tinha com o poder público do Estado de São Paulo, com a operação Tarântula e provavelmente também nenhuma com grupos anti gays. 

Depois, novamente, o jurista Hélio Bicudo colabora para reforçar que a influência da mídia televisiva, através principalmente de apresentadores de programas policiais, estaria incutindo na população uma “cultura da violência” e que, por isso, sendo educada para assim ser, a população se revelaria preconceituosa, homofóbica e até assassina em relação aos gays, as prostitutas e os negros (as tais minorias). 

​Para a produtora do documentário e muitos dos entrevistados, a Aids foi uma criação de laboratório produzida por grupos internacionais racista e preconceituosos para criminalizar os negros e os gays, por sua cor e seu “estilo de vida”, respectivamente. E o esforço feito é para passar a idéia que o gay ou qualquer outra forma de “minoria” morre, ou melhor, é assassinada, tão somente pelo que é. Nenhuma outra condição é exposta. Somente a perseguição ao diferente e o preconceito violento para com o outro que não se encaixa nos padrões considerados normais é que justifica toda e qualquer violência existente e que também acomete essas classes especificas, além de todas as outras, é claro. 

É interessante como não há pudor em exibir no documentário a relação homossexual com menores de idade, que, em minha percepção, não se encaixa em nada com o propósito do documentário de denunciar as mortes dos homossexuais como um provável ato governamental, de grupos homofóbicos de extermínio ou de uma sociedade “preconceituosa, retrógrada e conservadora”.











- Um detalhe que demonstra a má intenção dos produtores deste documentário. A mulher ler para pessoas reunidas na rua a seguinte uma nota de jornal ou revista que diz: “A guerra de Jânio contra os homossexuais ta fazendo escola". Um adesivo que anda circulando em alguns automóveis paulistanos é no mínimo estarrecedor: “Mate um Paulo Ricardo hoje e evite um Ney Mato Grosso amanhã.” 

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​Porém na legenda em inglês que serve para o público americano que também se pretendia atingir com o documentário, os nomes de Paulo Ricardo e Ney Mato Grosso são substituídos respectivamente por Boy George e Fred Mercury, demonstrando que o objetivo é criar na sociedade a ideia da cultura de ódio o que ficaria menos evidente se os nomes brasileiros (mas o correto a se fazer) fossem mantidos. 

Manchete de jornal da época revelando que o criminoso era um advogado 
(provavelmente gay, amante ou cliente da vítima) e não um agente do Estado de São Pulo 
ou um ativista anti gay. 


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Manchete da atualidade tentando fazer um falso link entre a prisão de travestis, que 
se prostituíam próximos a uma escola, com a Operação Tarântula. 


Os travestis presos na operação militar referida acima. 


Manchetes de jornais dos anos 80 revelando que a AIDS e a promiscuidade que a proliferava produzida pelos gays não era uma preocupação exclusiva do Brasil. 





5 comentários:

  1. Esta errado a forma como foi colocado,(Já um cantor gay de uma banda paulista) se referindo a Cláudia Wonder. Precisa se respeitar a orientação sexual da pessoa, o correto é (já uma cantora trans...)

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  2. Caro Paulo, sua percepção de onde é que deve ser posto o respeito está totalmente equivocada. Devemos respeitar é a pessoa, não sua cor, sexo ou opção sexual. O fato do cantor acreditar que é uma mulher ou um gay é uma questão pessoal dele e ninguém deve ser obrigado a mudar a sua percepção do ser por conta do desejo dos outros. Uma mulher é uma mulher e não um homem que tem o desejo de ser uma mulher. Tratá-lo como de fato ele é não é um desrespeito, tratá-lo mal por sim é que é.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Quem escreveu essas asneiras se tivesse uma família, trabalho e uma vida digna não perderia tempo semeando odio as pessoas. Todo castigo pra corno é pouco. Mal amado.

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